Heteroides sinónimo de anormaloides??

É divino tudo o que concerne o liberalismo
Brincando com escárnio, esta noite irei convidar-me na tua cama.

Iremos deixar dormir os “sexuadamente normais”
Iremos adorar rir por baixo dos seus narizes

Ensinarei a tua língua o meu sotaque, para poderes compreender-me

Ficarei radiante
E degradante
Ser apanhado em flagrante

Desencadeia o enlaço dos nosso braços
E não fique com receio da arrogância viril
Vamos para casa da burguesia sibilar o vinho;
Brincar ao jogo do escrúpulo, ao ignorar os risos e os olhares, sobre o nosso sensualismo.
Miseráveis… eles alegram-se com as suas poderosas farturas medonhas
Mas residem em terra minha

Deixa-te cair nos meus braços
Enfileira-te por baixo das minhas mortalhas
Brota comigo até o outrem,
Para cantar a estes “bem-fazentes” a delícia da indecência.

Esculpa-me no teu peito
Fá-lo até a extremidade dos meus lábios
Beijarei a teu tronco fazendo o possível para te agradar.
Tatua-me nos resguardos um futuro composto.
Quero estampar todas as minhas luxúrias nos teus adornos.

Para que a reflectida incompatibilidade dos nossos entes, possa abrasar esse burguesismo

Voyeurista

Sim… sim… sente o membro atravessar-te.
Sente o meu objecto fálico.

“42”

Hum… Alguém quer?
Desculpa senhores burgueses mas este cortiço é meu…

Delicia, gosto! Consumido, sou!

Prazer? Gozo…

Recalcado? … Para mim não faz sentido, 
Profiro um júbilo a pensar nesses extemporâneos.
Infelizmente

Século XXI.


Vila Real


Em frente de um leite achocolatado
Na meia-noite por cima do “Solar d’Ouro”
A chuva cai com força
E as tuas mãos suaves acariciam-me
Algumas marcas no canto dos lábios
Um sopro, um beijo vermelho nocturno
Depositado numa testa febril
Para arear o teu tédio

Num cantinho do Pioledo
Um whisky entre as vozes
E o sabor do absinto
Queimam os cantos dos meus olhos de santo

Deixa-me provar no teu pescoço
O sabor de um líquido agridoce
Gemendo um palco no teu couro
Para se eternizar no meu copo

Um café a beira da estação
Na Rainha, joga-se preto no preto
Por baixo da sombra procuro-te
Mas esse comboio imóvel impede-me de fixar

Apanho-te num último olhar
Era preciso um atraso
Para que aos meus carris te agarrasses
Para que estivéssemos presos
Para que nesta conexão eternizássemos a nossa ligação

Uma gazela no Vilalva
As nossas lembranças acusam a queda
E transformam-se em reflexos que transbordam
As minhas costas num virgem alcorão.

Releio sem fim essas fugas
Impressos das tuas mãos atentas
Muitas imagens na minha testa ardente
Os nossos clichés, começo a devolvê-los

Vila real
Um estudante no proibido
Em terreno conhecido fugimos
Rio Corgo
Bate-se no paralelo todas as noites
Erro de fuga num luar escuro


Uma última valsa...

Foram anos a percorrer o teu corpo com o meu sopro que acariciava a tua cara.
Encontrei o ouro e até as estrelas quando de um passar de mão hábil e subtil limpava as tuas lágrimas.
Aprendi de cor a pureza das tuas formas para que mais tarde pudesse pintá-las na minha matéria cinzenta, onde a conexão entre os meus neurónios possam gritar o teu nome. Para que esse pedaço do teu “tu” conectara ao meu “eu”.
Conheci-a cedo demais porém, a culpa não é minha… Esta flecha atravessou a minha pele e essa dor guardo-a porque ela estimula em mim um prazer inacabado. Infelizmente já conheço essa nossa história, li no teu olhar acastanhado uma viagem em preparação; viagem com origem no meu coração mas como destino, outra alma carente que não resistiu ao teu charme sólido e que também não me deixou indiferente. Por isso decidi falecer espiritualmente porque o tempo não pode voltar atrás, e penso, que recebi das tuas mãos uma felicidade passageira que passou numa viagem expresso na corrente sanguínea das minhas veias, que ligam o meu coração para que de uma batida possa dar um passo nessa solidão amorosa que é a minha. É difícil por um só homem vê-la fugir sem pronunciar um “fica”, simplesmente murmurei um “amo-te” como se murmura um “vai-te embora”.
Só quero partilhar o teu ar mais uma vez para te agradecer de ter maravilhado a minha vida e peço te uma última dança, antes que a sombra e a indiferença caia numa vertigem silenciosa. Lembra-me de me inspirar em ti, das noites, das auroras, das minhas derivas lúcidas, dos dias em que as ruas exsudarem o vazio das cidades do meu corpo, dos meus desejos recalcados na viagem vertiginosa dos sonhos implícitos que me atiram apreste de 9 milímetro na minha alma.
Penso que a tua raiva também é a minha, é idêntica ao dourado solar que enrubesça no meu rio, a minha esfera, as minhas correntes que picotam a minha pele num vermelho sanguíneo. Os nossos corpos nunca mais vão poder tocar-se porque a raiva brinca a dar a volta no coração dos átomos que em conjunto dá vida ao “ nós”, a corpos autónomos e arraçoados onde a esperança é corroída por um vírus chamado “AMOR” transformando-nos em seres melodramáticos.
Tremo e pondero,
Fico e analiso.
Uma ruga no espelho, estou a ficar velho, vejo ao lado a minha cama que tem lugar por nós os dois, mas a tua ausência exalta uma tristeza em mim porque antes que a minha vida passa quero guardar a tua imagem ao meu lado nesta cama comigo. Esta ruga põe-me a pensar na verdadeira questão amorosa... Será que fomos felizes?? mas por enquanto a luz do meu quarto vazio apaga-se pouco a pouco e antes de estar rodeado no escuro que guardar a esperança de um possível regresso teu.
Último aviso de tempestade,
último refrão,
viver sem pensar no amanhã,
dançar até fazer girar a Terra,
descer na era do " será que nunca fomos felizes"???.
Último cigarro, acompanhado por um copo de whisky,
quero beber e fumar para festejar a tua perda antes que começo a correr no pântano da infelicidade.
Quero dançar, e revelar sempre a minha alma na desgraça desse espelho, continuar essa nossa última valsa nesta decoração mórbida do meu quarto que está nu de fotos tuas, nu de roupas tuas e nua de nós....
Se eu me esquecer de ti dou a minha vida, a minha sombra, para que desta soma, o resultado dê certo para a problemática do esquecimento… do meu esquecimento…

Hipocondríaco ou atrofiado????

Pelo que dizem sou um hipocondríaco, faço de tudo uma doença. Eu sou um micróbio num ninho de bactérias e eu sozinho consigo construir-me um império de epidemias.
Doente por um nada encho-me de angústias molhadinhas no desespero e que me deixa petrificado por toda a humanidade.
Doente como um cão rafeiro transporto o Homem numa célula de gripe existencial que torna o seu coração frio e provocar na sua alma uma constante guerra nupcializada no ódio.

Fraco demais para me distanciar do fogo, tremo só na ideia de ser um Homem e de ser como eles. Por isso escolhi lutar no fundo do meu colchão com o medo da raiva ser uma doença. Como a peste negra eu fujo dela e tentarei fazer menos estrondo, menos remorsos, menos mal a fazer-me de morto.

Eu sofro o mártir de todo o mal que nos rodeia....e de quem é a culpa?
Sofremos o mártir por todo o mal que provocamos e por isso dói-me pelos outros. Sim sofro de uma enorme empatia porque destrói-me ver o ser Humano feliz na sua miséria como animal. Dói-me aqui! Dói-me além.... tive a minha recompensa no horror, sinto-me mal na minha pele e mal no coração....
Médico, médico, médico?!... preciso de ajuda!
Sinto-me num lugar errado e estou farto desta vida, farto do meu "eu" constantemente triturado na agonia.
Por favor não me levam para o departamento psiquiátrico...
Ando lentamente sem direcção definida na linha da minha mão. Assim posso usufruir da ausência de "gente" que poderiam relembrar que vivo aqui convosco.
Vejo o tempo a deslizar e fico como bêbado na minha solidão amarga no meio da vida... no meio dessa multidão cínica, inútil, feiosa....
Espero, Espero que me abram às portas;
espero, congelado num mundo irrequieto...
As nuvens choram de não poder olhar para trás e eu estou petrificado só na ideia de ter medo e de não poder fugir desse mundo chamado Terra. Olho para o meu relógio e observo a agulha do tempo agitar-se loucamente no infinito do espaço e do vento que me torna louco. Nessa noite mais nada me resta do que uma migalha de esperança no seio da minha mão e penso que a culpa de o meu infamo mau estar é derivada a esses néons azuis que me iluminaram tempo demasiado e que conseguiram pôr-me cego...
Chega de estratificações! chega de rótulos para diferenciar os Homens eles são todos iguais, não me venham dizer que há hetero, bis, homossexuais, basofes, dreads, betos, yuppies, EMOs, freak, pitas.... O homem quer sempre se diferenciar mas se ele for comprar um espelho (dos chineses que são mais barato) poderá constatar que ele é igual... A cor pode mudar mas a sua Anatomia não muda, não se transforma... HOMEM = HIPÓCRITA...

Agora fujo, mas... Espero que um dia alguém me acende a luz... Espero que um dia as minhas ideias e razões esclarecem o meu "ser" que está sempre a ser atrofiado e aspirado pelo além...

C'est la musique... Qui fait qu'on voyage...


Quando fecho os olhos, dou por mim a espera o “tudo” e o “nada”. Quero deixar-me levar pelo delírio lírico para me poder transportar para outras margens paisagísticas que sejam elas felizardas ou azaradas…
Às vezes faço fisgas onde torço os meus ossos tão bem articulados para esperar pouco ou simplesmente tudo de ti.
Já sei... Vocês irão dizer-me que estou sempre a nutrir uma ilusão puramente mágica mas preciso de acreditar nesse constante absurdismo mental. Preciso de sonhar como toda gente, preciso de me (re) inventar momentos como esses.
Não sei…
Talvez preciso mesmo de ser um delirado para dar sentido ao meu ser e para que o meu super ego pare de me chatear com a sua racionalidade metafísica que tanto me irrita. Pelo menos tenho a certeza de uma coisa, eu quero ver o sol levantar-se todos os dias e peço a todos para não me acordar porque tudo é mais bonito por baixo das minhas pálpebras e mais real no meu subconsciente.
Vês? É desse sonho que quero aspirar para a minha vida fútil e efémera. Ver-te chegar ao meu lado e deixar-me levar pela aragem do teu carinho, da ternura dos teus olhos e do estaticismo do teu sorriso maquiavélico que tanto me arrepia.
Quero guardar os meus olhos clausulados.
Uma vez uma amiga minha disse-me que queria jogar com o tempo para pôr o tempo para trás para remediar os seus problemas amorosos ou sentimentais mas nós não temos o poder de Andy Warhol, não podemos nos pendurar numa torre onde podemos mexer as agulhas para pôr o tempo para trás. E é desse absurdismo que peço que de nenhuma terra possa descer porque estou a planar numa mesosfera que me queima. Mas se querem saber eu gosto de me queimar com esse teu sopro tão vital para a minha loucura platónica.
Eu nunca irei te trocar, só irei passar o testemunho para outra pessoa e k esse alguém me perdoa se quero seguir o meu sonho.

Ouvi a nossa música em todas as ondas FM, como um amor de adolescentes que nos faz descobrir o mundo e k nos segura a mão como um irmão crescido para não tropeçar. Ainda nos vamos reencontrar. A ausência do "estar juntos" é segurada de um piano ao outro... E isso…. chamo de música.
A música ajuda nos a suportar a vida e que ajuda-nos a viajar e a esquecer os nossos problemas. Nunca se pode trocar alguém que se ama, alguém que seguia-mos do olhar mesmo se era de longe.
Com 4 mãos onde eu só represento um par mantenho essa nossa música.
A música pode ser eléctrica ou sinfónica
acústica ou fantástica, para chorar a nossa nostalgia ou dançar toda uma noite.
Para inventar-se outras vidas ou para passar as nossas insónias,
para procurar um futuro e acreditar numa liberdade absoluta...
Eis a minha visão da música que me faz lembrar que vivo num paraíso, sem ela o k éramos?

Neo-sensacionalista

Existem palavras boas e fabulosas que nos fazem arrepiar até estalar a pele. Palavras para acalmar almas podres e pobres que roubam aos olhares dos enamorados um olhar arrepiante e nojenta de felicidade. As palavras sempre me ajudaram a desabafar, a despejar as minhas mágoas numas cicatrizes florestais mais conhecido por papel. A minha escrita define-se como um desabafo de palavras banhadas no cinismo ou num sangue que derrame um sofrimento perdido e sentido. Escrevo palavras que me foram cuspidas a cara como uma mentira que chicoteia a minha mente que quer aliviar-se dos prazeres proibidos que a minha fé tenta recusar.
Oiço palavras que me magoam, palavras acabadinhas de sair direitinhas de uma faringe bem quentinha e que me comem por inteiro, palavras caras, usadas, (re) usadas e velhas saídas numas bocas alheias e que me fazem cair em mim.
Sim! Confesso que preciso de tempo e de carinho, mas não estava a espera de tanto. Afinal a infelicidade fica-me tão bem. Neste mundo nada me acorrenta a ti e penso que amanhã será uma outra aurora que levará com ela o meu sofrimento para se evaporar aos primeiros raios ultravioletas que acariciarão a minha pele húmida devido aos rastos das minhas lágrimas. Todos os segundos tropeçam na minha mente a avisar-me para não esquecer o “nosso” tempo maravilhoso, longe da jaula forjada de um ferro negro como a minha alma moribunda que divaga pensamentos neo-sensionalistas numa sociedade morta pelo marxismo. Os meus olhos pedem-me para olhar para ti como uma árvore e que lhe tire os seus ramos para concluir que não passas de um tronco, que não passas de uma alma fraca. Se der ouvidos aos meus olhos conseguirei assim acalmar o meu dinamismo ultra rancoroso contra ti e recalcarei o meu delírio artístico nas minhas mãos marcadas pela tinta azul da caneta.
Adeus triste Amor!
Tenho pena das pessoas que só têm o amor para conhecer o significado da palavra “partilhar”, que só tem o amor para explodir beiços de felicidades, para viver em promessas sem outras riquezas, para mobilar o sol com um véu de cetim.
Sinceramente enjoei dessas pessoas, da palavra “sempre”, desses seres dependentes que só tem esta música no berço do tímpano para acordar felizes numa manhã rabugenta que não quer mostrar o sol aos terráqueos.
Claro que tivemos trovoadas na nossa relação e dei por mim milhares de vezes voar num delírio lírico para fugir de ti. Mas infelizmente cada móvel imóvel nesse teu quarto branco nupcial lembrara-te a o tempo em que nada era o que parecia, em que vivíamos num falso simulacro e de simulações onde perdeste o sabor da minha água e eu da conquista. Decerto, sei que todas as bruxarias deixaram-me enfeitiçado e que me aprisionaram nesta tua tenda cheia de malabaristas e de equilibristas como uma armadilha onde perdi o meu tempo a tentar escapar. Pois neste tempo em que eu estava preso na tua teia tu provaste sabores de outros lábios.
Chega de metáforas e de enumerações aliteradamente comparadas a tua personificação numa analpse paradoxalmente eufenimizada !
Chegou a altura de o meu corpo exaurir para que finalmente as nossas almas se distanciam.
O cortejo do nosso “falso amor” já espreitava pela fechadura uma era de lágrimas que arrancaram os nossos mistérios, que negaram o nosso “nós” na corrente tóxica da água potavelmente dolorosa deixando crateras horrivelmente suaves no meu peito.
Que dor!!!
Que sofrimento passa o meu coração que se ilumina pela aurora mas que morre ao deitar-se do sol.

Lágrima seca


Lembro-me de tudo, lembro-me do nosso primeiro encontro, do nosso primeiro beijo e da nossa primeira noite. Ingénuo inspirava o perfeito amor, mas por pena perdida eu lutei. A minha dor e a minha piedade não sossegam o meu estado alienado. Eu dei-te tudo sem hesitar, a minha pele, o meu sangue e dois anos da minha vida, porquê trair-me? Qual foi o teu prazer ao desfigurar o meu amor.
Odeio esse Anjo Negro que és. Levo comigo a cicatriz que me fizeste e transpiro com todo o meu sangue a minha raiva por ti. Fica com as tuas palavras, com as tuas prendas, eu desprezo-as tanto como as tuas mentiras. Imploro a Deus que me quebre a corrente que me liga a ti, mas não sei por quê continuo a amar-te.
Todas as pessoas cuspiram, gritaram-me a verdade e eu de olhos vendados só te imaginava comigo, ignorava tudo mesmo sabendo que era um facto verídico mais que analítico. Em frente desses sermões eu sorria um perdão. As vossas palavras, a vossa piedade só faziam crescer em mim uma raiva que me possuía por inteiro. Odeio-te, seu Anjo. Imploro que me quebrem a corrente, porque eu estou a arder nas chamas do inferno a tua espera.
Encontrei em frente da nossa porta um pedaço teu, palavras lançadas como notas musicais num piano de madeira. A chuva que reinava lá fora borratou o meu nome como lágrimas arrancadas dos meus cravos pela força gravitacional. Num pensamento neo-realista penetrei na nossa casa, nesta casa tão triste que parecia uma noite de luto. Olhei a minha volta as tuas fotos e o teu cheiro tinham desaparecido. Neste ambiente de sofrimento li a tua carta onde me dizias:

"Desculpa já não posso ficar aqui, o teu ser está muito presente no meu coração, por isso fujo levando a minha cobardia comigo".

Sim, foste uma cabra, uma estúpida e nesse pedaço teu li e percebi o teu pedido de desculpa, mas tu sabes o quanto me fizeste sofrer? O teu coração já não tinha sentido para estar comigo, precisaste de outra pessoa. Foi por isso que tu fugiste, sem ver a minha face, sem ver a minha desgraça, porque não te querias rir da minha cara.
A minha consciência desceu para os 7 Anéis do Inferno e preferiste trocar-me por outro. A dor do meu peito verteu sossegadamente quando andava a tua procura, o meu coração e as minhas lágrimas que fugiam de mim não te encontraram nesta busca sem fim. Vi os meus dias passarem com uma extasia de indiferença. Hoje só tenho uma coisa, um pedaço teu, uma mera folha, uma mera correspondência. Tu fugiste por amor a pensar em mim, mas não querias dormir nos meus braços... Porquê???
Em respeito aos nossos anos de felicidade eu posso tentar esquecer-te. Sim! Fizeste-me sofrer, mas sem ti é muito pior. Se pudesse escolher queria ver-te outra vez ao meu lado para repousar o meu sossego e o meu luto.

Amar = Morte


A noite está a chegar ao fim, mesmo se consigo forjar o ferro para construir uma corrente, não consigo deixar que o sol se levanta rejeitando a lua para o outro pólo da Terra.
Para mim isso é morrer com os olhos abertos.
Porque o meu tempo torna-se assassínio e porque vejo o dinheiro juntar-se a miséria, porque todos esses fenómenos tem um objectivo que não consigo decifrar, vejo o meu sonho americano arrastar-se num deserto de água onde afogo-me neste azul, neste reflexo de céu que me faz lembrar uma liberdade absoluta.
Vejo no meu sofrimento um declínio satánico, onde discretamente espreito mulheres semi-nuas que vendem o corpo para alimentar os seus filhos bastardos. Nessas crianças consigo ver o cheiro da repugnância e da vergonha pousadas nos ombros. Eu como elas continurei a lutar. Mesmo se alguem me atira uma bala no peito irei cicatrizá-la com um raio de luz para conseguir guiar-me nesta morte sem fechar os olhos. Quero enfrentar o anjo escuro e esquelético mais chamado por Balzebut para ver a sua reação. Só aqui, só neste momento poderei beijar um Adeus. Irei gravar na areia movediça um sermão fúnebre para dizer a todos os olhares alheios que estava a espera deste momento, momento esse que autrora me assustava me inundava de medo.
Vou viver a minha vida de morte, deixarei-vos o meu corpo para levar comigo no nirvana a minha fé para viver longe e intensamente. Quero conseguir a minha morte para respeitar a minha vida. Desejo que a matéria se torna em pó e que a tua alma se transforma num arco-íris para esqueceres essas dores e conhecer a douçura da multiplicação platónica dos meus sonhos. Assim irei esquecer a raiva que existe no corpo dos humanos, do dinheiro que domina o mundo, do ciúme e dos falsos sentimentos.
Não estou preocupado! O anjo da foice sabe o caminho, sabe o momento e o instante (que autrora tanto me assustava) para levar-me com ele. Não preciso de criar raízes nesta sala de espera que é a Terra para poder voar para outro universo. A minha fé acompanha-me. Não tenho medo. Respeito a minha vida e adoro-te sem fim.
AMO-TE.

Já não sei se......



Já não sei se é dor ou se é por hábito meu ser sempre aquele que chora e que bate contra todas as paredes.
Já não sei se tenho frio ou se sinto um vazio que me congela os ossos e os dedos quando tudo começa a ficar numa grande porcaria.
Já não sei se ainda consigo sonhar ou se as minhas ideias estão mortas.
Já não sei se tenho de esperar por ti ou se tenho de fingir uma saudade.
Não sei se quero morrer ou se quero acreditar em todas as asneiras que me contas para que saia ou entra ao teu lado na cama.
Já não sei se consigo cicatrizar ou se mijo o sangue das minhas dores sentimentais.
Já não sei se mantenho o meu "eu" ou se me disfarço numa criança.
Já não sei se estou acabado ou se continue a lutar.
Será que estou infeliz?
Já não sei se tenho de andar para frente ou se tenho de recuar.
Já não sei se é a tua voz que me dá naúseas quando acordo ou se sou eu k está farto de ver o cinzento na parede.
Já não sei se tenho medo ou se já não acredito em nada.
Se as minha lágrimas escorreguem no teu coração, se os meus risos queimam as tuas mãos tão bem tratadas pela esteticista.
Já não sei se é normal ter o meu coração tão alto que até levanta as minhas antas e que tritura o meu cérebro.
Já não sei se sou feio ou se é este maldito espelho que está partido em milhares de pedaços que me rasga a estima e o olhar.
Já não sei se na tua língua ainda persiste um pedaço do meu sabor.
Já não sei se me afogo ou se brinco ao equilibrista entre o "tudo" e o vazio.
Já não sei de nada, não sei quem eu sou, não sei se posso continuar a viver assim....

Fina Flor



Inseguro! Sinto-me inseguro. Por quê que tenho sempre medo de ser deitado fora como uma flor que já murchou? Tenho medo de espalhar as minhas pétalas num saco de lixo misturado com a sujidade de um grande festim. Medo de partilhar os sentimentos ao lado de restos gozados por ti. Medo de ser deixado ao lado de um preservativo cheio de sémen humano que está recheado de milhares de sementes de vida. Estas sementes de vida que estarão a morrer ao meu lado. A morrer sem atingir o seu principal objectivo. Imóvel vejo o escuro, um túnel sem saída… Uma gruta… Sem luz, sem foco, estou perdido. Repugnas-me tanto por vezes, mas sinto-me obrigado a ficar calado para continuar a desfrutar o momento em que arrepias-me com um simples sopro no meu pescoço. Dás-me beijos salivantes e sinto deslizar esse liquido que se produz abundantemente nas tuas glândulas no meu peito para molhar os meus sentimentos tornando-os turvos como uma manhã de ligeira neblina.
Ando cego, perco-me nesses restos teus. Às vezes tenho vontade de entrar num bulldozer sentimental para destruir uma selva repleta de pinhos e folhas desfeitas por roedores desfiguradamente úteis para a tua floresta.
Um pássaro canta. O meu líquido xilemico bloqueou. Será que aquela erva daninha desistirá de contaminar as outras flores para injectar o seu veneno mórbido contra mim e contra a flor celestial? Não sei se ela se chama assim, mas essa cor, a cor dos seus botões perturba-me. Aliás, tudo nela perturba-me. Essa flor tão rara é tão fraca que não sei se me apetece protege-la sem eu sofrer em retorno. Odeio-te tanto, mas tanto por me fazeres isso, mas agora temos que nos enquadrar neste meio hostil. Eu só estou a espera que uma alma me tire desse lixo que me puseste para que eu possa sobreviver a isso. Mesmo que tenha que beber litros de etanol e perder a cor das minhas pétalas, mesmo que tenha que gastar as minhas últimas pétalas quero sobreviver a isso. Quero te provar que mesmo sendo um tronco nu de folhas e de cobardia. Irei provar que tenho valor. Irei provar que sou algo de raro a não desperdiçar, mas por vezes penso que não mereces esse esforço.
Quero-te longe. Quero-te distante. Mas sinto falta de ti… Falta do teu sorriso… Falta dos teus cravos… As minhas lágrimas percorrem o meu corpo para explodir e espalhar-se no chão onde irei evaporar-me e só assim voarei com elas para outro destino. Mas para onde vou? Vou me por noutro quintal onde irei sofrer outra vez. Já estou farto de sofrer, mas infelizmente acho que o meu fado é esse.
“Cansado de tudo e de todos, vou rebentar e vou tornar-me numa fonte de luz”* para guiar almas que entram comigo na decadência dantesca e satânica do amor. Estou sempre a contradizer-me, digo que o amor já não existe, mas estou sempre desiludido a tentar entrar na sua sinfonia folko/melancólica.
Aguarde, o Ludo vai (re)surgir do nada! A primavera está a chegar, vou explodir em milhares de cores para atrair borboletas e abelhas que espalharão a minha essência por todo lado. A minha dor sanguínea, mas pura rastejar-se-á pelo mundo fora. Mundo em que não quero a tua presença.


O meu sorriso ao contrário



Tenho a pele muito pálida e crateras minadas por baixo dos meus olhos. As palavras são cuspidas pelo ar. Sou um bom actor a esconder a verdade, consigo possuí-la sem desvendá-la.
Armo-me em forte com os meus faróis avelã sem ter que me esforçar muito, mas em frente ao espelho vejo-me desfigurado. A máscara de fina porcelana inglesa que uso, para não ofuscar os olhares alheios, cai e vejo-me como sou na realidade.
Para amarrotar essas ideias muito bem engomadas, vou passar essas minhas angústias com o meu ferro de engomar. Mantenho os meus olhos grandes “entreabertos” para afogar os meus sentimentos entre o rim e o joelho.

Porque isso chateia os ideais de fazer publicidade à nossa moral. Porque é arriscar a impostura vestir-me à minha maneira. Se vocês brincam ao construir os meus falsos egos, eu brinco com as vossas falsidades. Com escárnio, risos falsos e gargalhadas cínicas divirto-me com as vossas figuras tristes.
"E se por vezes fico triste
e se a cólera em mim persiste,
armo-me em optimista."
Por isso, prefiro e quero colocar na minha face o meu sorriso ao contrário.

Silêncio!!! ouve o bater do coração.


Silêncio!

Ouve o meu coração bater em silêncio.
Escuta o sofrimento de um coração aberto enquanto é tempo.
Sente os meus pulsos a verter o sangue das minhas "ditas" proezas heróicas, os meus medos e os meus jogos de actor enquanto é tempo. O meu coração foi-te oferecido pelas mãos imortais dos Deuses Gregos , colocando-o junto ao teu para relaxar a minha batida irriquieta.

Ao longo do tempo o fio da nossa existência, domestica os nossos limites emocionais e físicos. Mas quem conhece verdadeiramente este fio? Este fio que costuma ser chamado "fio do tempo", é muito mais forte que os nossos desejos recalcados quando começam a desabrochar.

Ouve a vida...

Devagar, o silêncio alcança o seu caminho. Ele não é mais forte que nós, aliás, ele irá se fartar rapidamente da nossa luta constante cedendo à douçura da poluição sonora, já tão bem inserida na nossa cabeça. O meu coração baterá para ti e só para ti, na medida exacta e ao ritmo do nosso amor, onde tentará por códigos Morse aproximar-se do teu.

Respira mais uma vez....

Rezo para que os nossos corações palpitem juntos. Tu és o meu ouro, tu és a minha....
Ai! faltam-me as palavras... Fica... Vive.... apanha o teu fôlego num golpe seco de sangue... Respira, mas por favor em silêncio... Quero afogar-me no som de uma batida arterial profunda e apaixonadamente boa, onde poderei perder-me nas confidências que foram sussuradas no berço dos nossos ouvidos e murmurar promessas num sonho banhado de um púrpuro sanguíneo.
Nas noites de esquizofrenia sonho trocar os teus sentidos para que o teu olhar se transforme num tocar malandro, porco, erótico... Só sonho com o prazer carnal.... Que delícia! Onde tu transbordas e deslizas. Mostra-me as tuas fraquezas para eu poder gozar nos teus sentimentos.

Continua a maquilhar a tua face para esconder o teu pudor, para por à nu esses amores inéditos, esses prazeres proibidos..
O teu coração inserido no teu peito esconde-se de tudo e de todos...
Mas, por favor, ouve o teu coração a entrar em sintonia com meu..

Viver o Momento.



Linda, Linda, Sou eu.
Eu sei que por vezes existem noites assim,
onde tudo se destroi a nossa volta sem saber porquê.
Temos que olhar para frente sem descair os braços.
Eu sei que não há remédio para tudo,
mas por vezes temos de fazer um esforço.
Linda, Linda, despacha te,
Vivemos...
Só morremos uma vez fisicamente e não temos tempo de nada,
quando nos apercebemos que é o fim.
Não está escrito nos livros,
que o mais importante a viver,
é viver o dia a dia.
O tempo é amor,
mesmo se não tenho esse tempo....
Tempo de assumir os meus sentimentos,
tenho dentro de mim algo cada vez mais forte,
vontades e vontades.
Tu sabes,
Não!
já não tenho vontade de compor os meus erros
ou de refazer o que deveria ser feito..
voltar para trás....
Linda, Linda não páres.
Só vivemos uma vez.
Linda já fiz voltas e voltas,
de história de amor,
e tenho...
Sim! tenho essa coragem em mim para virar outras páginas,
sabes que o tempo nos é contado,
nunca podes olhar para trás....
e dizer que foi pena de ter passado a idade em que tudo é possível.
Linda, Linda não te preocupes,
lembranças de coisas assim, tem de se guardar dentro de nós.
Sabes que não está escrito nos livros,
que o mais importante da vida, é
viver o momento.... é esse o tempo do amor.

Confuso?!?



Quatro paredes que ressonam.
Eu queimo-me e tenho sono.
A tua ausência tem tendência a perder importância para mim.
É óbvio que eu penso que a tua evanescência é parecida contigo.
A lacuna é a tua indiferença que floresce no meu coração, e que se propaga como uma tinta da china que mancha toda a claridade da minha alma numa mancha viscosa e suja.
Por quê que complicas tudo?
Cada vez que te questionas sobre a minha dedicação amorosa torno-me agressivo e cru. Não vês que isso afasta-nos? Complicas sempre tudo. O aborrecimento é pura ilusão tua e um dia irei fartar-me desta rotina amorosa que me transforma, que me torna raivoso e rancoroso.
Tu escorregas e eu afogo-me nos meus dedos encostados a minha face desesperada onde roo o meu amor por ti. Toco-te com o meu olhar, porque só nos meus sonhos é que consigo visionar-me feliz ao teu lado. Pára de estar tão presente na minha vida, não me sais da cabeça. O meu defeito é indecente e tão melancólico que questiono-me com inúmeras perguntas. Será que és mesmo tu a complicar esse "nós"? Ou serei eu o culpado de tudo? Queria te poder explicar esta a minha frustração. Quero te explicar porquê que me transformo num ser alienado cada vez que estás confusa. Eis a minha resposta: Tenho medo do amor, medo do compromisso, medo que desapareças da minha vida, medo de te ver fugir, medo de esperar por ti, medo de não estar a tua altura... e isso... Torna-me louco....

Inevitavelmente, o tempo da rebeldia acabou...


Entre nós não se pode dizer que existiu uma guerra, mas quando não estás ao pé de mim sinto a tua falta. É como um grande silêncio de Inverno que se instalou numa gruta. É certamente culpa da Terra que anda à volta dos nossos sentimentos. A Terra sempre teve os primeiros verdes... Verdes da pureza das músicas que falam do tempo. Nós não sabemos nada sobre O AMAR, nós gostamos é da vida, mas já que temos que nos separar, prefiro que seja na cama.
Pela primeira vez o tempo não passou por baixo das portas para ir ao nosso encontro. Este "tempo" não se importa com os nossos amores estragados, ele tem outros por apagar.
Gostamos tanto um do outro, sempre o dissemos. Mas já que temos que nos magoar, antes prefiro fazê-lo de forma corajosa, encarando-te. Eu não sei porque que o AMOR deixou o seu lugar ao "carinho"... É de pensar que a palavra "sempre" saiu direitinha de uma noite recheada de licor.
Não sei nada do amor, não sei nada da vida. Por isso peço ao tempo que leve as minhas fantasias e a minha felicidade para que eu fique sem alma. Inerte, morto, seco.


(...)


Gostei tanto de a amar, que esquecê-la foi difícil e hoje ainda sinto a dor deste amor perdido, inaproveitado. O meu corpo e o meu coração ainda sofrem, porque adorei ama-la. As nossas almas, as nossas mão entrelaçadas infelizmente separaram-se. Infelizmente ainda oiço no fundo do meu coração cânticos góticos que cantam em coro a dor do esquecimento. Esses cantos perturbam-me ao passar uma mensagem dolorosa de "como é difícil esquecer alguém que se ama"... Por isso chorei, por isso ainda choro e questiono-me se algum dia serei capaz de amar como amei essa donzela. Mas, aconteceu o inevitável, agora ando a volta do "como" e do "porquê". Por quê não reparei que bastava aproveitar o momento Presente e olhar o Passado como um velho amante e o Futuro como um doce pretendente? Mas nada é suficiente, a areia do tempo já se esgotou.
Agora vou fazer a minha última overdose, prometo passar para outra coisa, passarei sim ao perdão e ao sossego do meu falso "eu", o ego que não sou para submeter-me à inevitável metamorfose da minha alma.
As palavras não eram desafios, mas sim um sermão gravado numa peça de mármore que poderia contradizer o grande Descartes "eu sou, logo eu penso"...
Agora sim, vou pensar que todos os momentos que passei com ela irão voar com a primeira aragem que irá acariciar o meu corpo nu de sofrimento, irei tirar esses momentos presos na minha cavidade cerebral, porque inevitavelmente nada dói mais que esquecer alguém que se ama.

ReVeRsO


Deslizando o meu corpo sobre o teu, na ternura dos lencóis, encontro um refúgio aos nossos humores, às nossas palavras que saem das nossas bocas. Palavras? Âlgumas promessas, alguns "se devo" para que a minha pressa de amar pare por um bocado.

Eu sou um rapaz de boas maneiras, e tal como a ética obriga, entrego a minha garganta às garras do fumo que me ofereces. Tento brincar, deambular na tangente do precipício onde a minha paciência integra o teu coração seco e frio. Quero fogo, quero falsidade, quero atitudes para construir a minha bela solidão... Vês? Estou a habituar-me a essas sombras que escurecem a minha alma e... Puxo as cortinas do meu castanho avelã, onde vou coser o teu olhar ao reverso para inserir um sorriso na minha face que esticará as minhas rugas no canto das minhas pálpebras no momento em que te deixo aterrar no meu universo. Porque é quando fecho os olhos que te vejo melhor ao reverso...

Pus um véu no tempo, para pôr dentro de duas ou três páginas um momento nosso, onde posso molhar a minha cara de alegria e de profunda extasia. Algum vento, algumas despedidas, eu sempre me precepitei devido ao meu prematurismo constante. Eu ia do "nós" ao "vós" ao "tu". Sente o açucar a derreter o meu sonho.

Eu estico o meu "comboio fantasma" até o rio do meu ser, porque sei que corres no meu mundo, corres nas minhas veias, mas sei que se abrir os meus olhos e tu estiveres ao meu lado isto significará a minha morte..